Conselheiro Lafaiete


Conselheiro Lafaiete: A cidade e sua história






Conselheiro Lafaiete, o antigo Campo Alegre dos Carijós, localiza-se no roteiro da Estrada Real. A cidade é atravessada de sul a norte pelo Caminho Novo. De noroeste vem o velho Caminho dos Bandeirantes, que, circulando o prédio do Fórum, onde no passado ficava o casarão do Cônego Santa Apolônia, no Largo da Matriz, atual praça Barão de Queluz, encontrava-se com o Caminho Novo e esse entroncamento ia caminhando por uns 100 metros na Rua Direita, atual rua Comendador Baeta Neves, até se separarem. Aí o Caminho dos Bandeirantes fazia um desvio para o leste em busca de Itaverava e o Caminho Novo ia em frente caminhando na rota para Vila Rica.

Muitos fatos importantes da História aconteceram no trecho que percorre o município de Conselheiro Lafaiete, uma rica história. Em 1694, chegou a bandeira paulista de Bartolomeu Bueno de Siqueira, Manoel de Camargo, Miguel Garcia de Almeida e Cunha e João Lopes de Camargo, sendo a primeira bandeira oficial, portanto foi na região que Minas começou a viver oficialmente. Os bandeirantes, na aldeia dos Carijós, fizeram plantações antes de seguir viagem até Itaverava, ficando Carijós como entreposto para abastecer as bandeiras. Arraial do Campo Alegre dos Carijós foi o primeiro nome da cidade.

Na primeira década do século XVIII, chegou o Caminho Novo, o qual encurtava muito o tempo de viagem para quem vinha do Rio de Janeiro rumo às Minas. A construção dessa via foi uma verdadeira epopéia iniciada pelo bandeirante Garcia Rodrigues Paes, filho de Fernão Dias, sesmeiro de duas roças na região da estrada a ser feita, e concluído com a ajuda de seu cunhado Domingos Rodrigues da Fonseca Leme.

Por esse caminho passaram os homens de Carijós que integraram o contingente mineiro, organizado em 1711 pelo governador Antônio de Albuquerque para socorrer a cidade do Rio de Janeiro, sitiada e depois invadida pelos corsários de Duguay-Trouin.

O povo de Carijós teve importante participação na Conjuração Mineira, ficando duas pernas de Tiradentes na já então Real Vila de Queluz. Eram de Carijós os inconfidentes padre Manoel Rodrigues da Costa e Padre Fajardo de Assis.

A Rua Direita, traz muitas cicatrizes em sua memória. Nela passaram os despojos de Tiradentes que pernoitaram em um arranchamento da Rua Direita, onde foi salgada a sua cabeça antes de seguirem a viagem para Vila Rica. Além disso, a rua e o Largo da Matriz foram as testemunhas principais do heroísmo dos queluzianos liberais, em julho de 1842, com a sua estrondosa vitória sobre as tropas legalistas. E foi nas pedras de sua calçada que depositaram o filho do tenente Galvão, seguindo-se a cena emocionante imortalizada em versos por Mário de Lima: ferido por uma bala, morrendo nos braços do pai, o moço pediu-lhe que voltasse ao campo de batalha e o pai, enxugando as lágrimas, exclamou: “Tenho mais três filhos para sacrificá-los à causa da liberdade!”, voltando para o seu posto de comando.

A estalagem da Varginha, onde Tiradentes pregou a liberdade, fecha com chave de ouro o percurso do Caminho Novo em terras de Conselheiro Lafaiete. As ruínas da estalagem, o que resta da gameleira e o belo monumento são marcas que o lafaietense muito preza.

Mas ainda temos, uns metros acima de onde passava o Caminho dos Bandeirantes e uns metros abaixo do leito do Caminho Novo, o local onde havia um casarão, residência de Bernardo Guimarães quando escreveu o célebre romance “Escrava Isaura”. O notável escritor veio para Queluz em 1873, nomeado professor de latim e francês, aqui residindo até 1876. Inspirando-se na história de família queluziana, residia em Queluz quando escreveu o seu célebre romance “Escrava Isaura”, que foi publicado em 1875. No contrato para edição de ESCRAVA ISAURA, em julho de 1874, Bernardo Guimarães se diz “morador em Queluz de Minas”.


Trecho do livro “Garimpando no Arquivo Jair Noronha”,  de Avelina Noronha

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